(Tempo estimado de leitura 05′ 25″)
Imagine que você está praticando seu esporte favorito, participando de uma corrida, por exemplo. Enquanto corre em direção à linha de chagada, sua atenção está totalmente focada nos movimentos de seu corpo, na força de seus músculos, no esforço dos seus pulmões e na sensação dos seus pés tocando o chão. Você está totalmente imerso no momento presente, completamente absorvido na atividade atual.
O tempo parece que desaparece, as preocupações somem, os pensamentos silenciam e você aceita com tranquilidade a fadiga. Segundo o psicólogo Mihály Csíkszentmihályi (é isso mesmo, não escrevi errado), o que você está experimentando nessa corrida é flow, um estado de foco e imersão completa na atividade atual.
Segundo Csíkszentmihályi, estar em flow significa:
“estar completamente envolvido em uma atividade por sua própria causa. O ego cai. O tempo voa. Toda ação, movimento e pensamento seguem inevitavelmente o anterior, como tocar jazz. Todo seu ser é envolvido, e você está usando suas habilidades ao máximo.”
Emprestando esse conceito de Csíkszentmihályi, Martin Seligman afirma que, juntamente com emoções positivas, a experiência de flow é fator fundamental para aumento do bem-estar subjetivo, ou felicidade. Em outras palavras, quanto mais passarmos nossos dias em flow, maiores as condições de vivermos vidas mais felizes.
Quais as condições para a experiência de flow? Podemos experimentar flow de várias maneiras, e isso varia muito de pessoa para pessoa. Alguns se sentem totalmente engajados quando praticam o esporte favorito, outros quando brincam com filhos, ou praticam atividade criativa como pintura ou música, ou mesmo quando se debruçam num complicado projeto sobre as colunas do excel.
1 – Objetivos claros (em outras palavras, quando sabemos claramente o por quê da nossa ação);
2 – Equilíbrio entre o desafio e nossa capacidade (atividade não é tão complexa que nos deixe tensos e ansiosos, nem tão simples que nos deixe desmotivados);
3 – Concentração e foco absoluto;
4 – Atividade é intrinsecamente gratificante para o indivíduo;
5 – Serenidade que supera o ego e a autoconsciência;
6 – Sensação distorcida do tempo, tamanha a imersão no presente;
7 – Retorno imediato (prazer pela simples realização da atividade);
8 – Controle pessoal sobre a situação e o resultado;
9 – Falta de consciência das necessidades físicas;
10 – Foco completo na atividade em si.
Tente se lembrar de momentos em que você experimentou esse estado. Você percebeu o tempo passar? Sentiu apenas após concluída a ação aquela vontade de usar o banheiro? Como se sentia enquanto realizava a atividade? E depois?
Csíkszentmihályi explica em seu livro que via de regra o flow acontece quando o indivíduo realiza uma tarefa com metas claras e que exige respostas específicas, como, por exemplo, num jogo de xadrez.
Enquanto joga, o indivíduo conhece claramente seus objetivos e produz o tempo todo respostas muito específicas, demandando um nível de atenção totalmente focado.
Ainda, segundo o autor, o flow tem mais chances de acontecer quando:
“as habilidades do indivíduo estão totalmente direcionadas na superação de um desafio que é quase gerenciável, o que serve como um ímã para aprendizado de novas habilidades e experiências de desafios crescentes. Se o desafio é baixo, o indivíduo tem habilidade de aumentá-lo; se é grande demais, o indivíduo pode voltar ao flow aprendendo novas habilidades”.
Quem se lembrou durante a leitura desse ensaio de algum momento de engajamento total, ou flow, com certeza já sabe, intuitivamente, os seus benefícios. Mas como estamos falando de Psicologia Positiva, importante mencionar não apenas a sensação agradável do flow, mas também os efeitos positivos da sua experiência. Alguns deles são:
Colunista Henrique Bueno
Contatos: lnk.bio/9cVF
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