Lembro-me sempre de sua frase: “a gastronomia dos hotéis é a melhor”. Àquela idade eu não entendia muito bem o que o meu pai queria dizer, mas já me encantava pelos uniformes elegantes dos recepcionistas e garçons, e pela atenção com que abriam as portas para nos acomodar em nossos lugares, pela cordialidade e ternura em seu atendimento.
Foi durante estes almoços que aprendi a me portar à mesa e, muito provavelmente, desenvolvi um interesse pela arte do “bem-servir”. Os anos se passaram, ampliei meu repertório inconsciente, mas nunca imaginei que fosse atuar na área.
No Ensino Médio, cursei Química. Dá para imaginar? Talvez quisesse seguir os caminhos do avô, Engenheiro. Fui uma aluna dedicada e me esforcei muito, mas ali percebi que a minha inclinação era para ‘Humanas’. Decidi estudar fora do país. A luz acendeu e, ao retornar, prestei vestibular e passei em Turismo.
As pessoas não entendiam muito bem o que fazia um Turismólogo. De fato, há mais de 20 anos, a nossa profissão nem era “reconhecida”. Mas ali nascia um propósito, sob a batuta de mestres exemplares, doutores em suas áreas. Muitos, inclusive, tornaram-se colegas de profissão.
As oportunidades que se revelavam a cada matéria eram infinitas. Em um primeiro momento, pensei que seguiria pelo caminho acadêmico, talvez área de pesquisa ou até mesmo desenvolvimento de destinos turísticos.
A multiplicidade desta área é realmente encantadora, mas a possibilidade de conexões humanas é incomparável. Até que, em um belo dia, fui fazer uma entrevista no Renaissance São Paulo Hotel, um ícone da hotelaria paulistana. Ali, conheci duas pessoas incríveis e que me marcarão para sempre. Foi naquele momento, saindo da entrevista, após ser aprovada para a vaga, que percebi que seria um caminho sem volta.
Foi onde também vivi a minha primeira crise do setor, o fatídico “9/11”. Não foi fácil, mas sendo a nossa indústria extremamente flexível e adaptável, superamos. Desde então me relacionei com líderes e empreendedores inspiradores, pessoas que admiro e sou grata até hoje, por me apoiarem na expansão do meu acervo e em meu florescimento profissional.
Desde aquela entrevista, tenho me apaixonado e re-apaixonado pela minha profissão. Fast Forward, estamos vivendo um dos momentos mais difíceis da nossa indústria e da nossa história. Um período que certamente mudará comportamentos, mas não a nossa essência e que, seguramente, alterará a nossa consciência sobre o mundo.
Todos nós temos um elo com o Turismo, pois trabalhamos diretamente na área ou nos relacionamos com este mercado em nosso dia a dia. Eu acredito que, da mesma forma que fomos brutalmente impactados, a recuperação será gloriosa.
Lidamos com o intangível, somos referência na arte de servir e criamos memórias. Não fosse pelas memórias, eu não estaria aqui escrevendo este texto. Aproveitemos este momento para cultivar o conhecimento e nos conectar com a nossa verdadeira essência. Tenho certeza que será com o apoio da nossa indústria, mesmo com todas as adaptações necessárias – e lembrem-se que somos extremamente adaptáveis – que a humanidade aprenderá a viver com mais propósito.
Colaboradora Jéssica Fabbrini
“Profissional de Turismo e Hotelaria, com especialização em Distribuição e Marketing. Mãe do Pietro e apaixonada pelo Brasil!”
LinkedIn: http://linkedin.com/in/jessica-fabbrini-31b08222
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