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ATIVISTA SECRETARIAL: profissional consciente e ativo na defesa da profissão de secretariado, que estabelece uma relação contínua com os demais profissionais da área, em uma rede humanitária e solidária de troca de experiências e auxílio mútuo.
Pensar o secretariado é pensar também nos desafios diários que enfrentamos para conseguirmos desenvolver nossas atividades e nos estabelecermos dentro do ambiente corporativo.
Não dá para romantizar a profissão e pensar que tudo depende somente da/o profissional de secretariado ou da/o executiva/o. Existem uma série de relações e construções sociais que permeiam a prática dentro da profissão. O desafio, então, a quem busca compreender crítica e profundamente os fenômenos secretariais, é se permitir debruçar sobre teorias construídas em outras áreas do conhecimento para conseguir embasar as suas análises e, com isso, construir uma teoria aplicada à e em relação à prática.
Não é possível construir teoria real sem entendimento de causa e compreensão total dos processos que permeiam a prática. Quando a ação não é compreendida, ela causa alienação no sujeito, é como se você fosse “programado” para desenvolver determinada atividade e não conseguisse mudar seu modo de fazer, pois você só aprendeu um único modo de se fazer aquilo. A compreensão total, permite que você compreenda o processo e com isso estabeleça novas, criativas e inovadoras formas de ação, quando necessário; junto a isso, ela ainda te permite refletir e questionar relações de violência e violação de direitos dentro do trabalho.
Veja bem: não é só pensar na prática em si, mas o que influencia na realização daquela atividade, as relações que estão por trás, os desafios. E para isso, é preciso LEITURA e ESTUDO, dos textos básicos e manuais que foram feitos para profissionais de secretariado, bem como de textos de outras áreas relacionados à compreensão dos fenômenos sociais no mundo do trabalho, afinal somos uma área das Ciências Sociais Aplicadas.
Hoje temos muitos profissionais de secretariado que estão no auge do sucesso profissional, que encontram sentido em sua prática, que têm bons postos, com excelentes salários e benefícios, eu fico tão feliz em conhecer tanta gente que está neste lugar. Esses profissionais, comumente, praticam o processo de autoconhecimento e estão em postos que conversam com seus perfis, a maior parcela deles atua na assessoria executiva direta, formação “padrão” realizada nos cursos superiores de secretariado ao redor do Brasil.
Todavia, essa não é uma realidade para uma imensa parcela de profissionais que diariamente não consegue ver sentido no que faz e acaba por desistir da profissão ou se submeter aos postos de trabalho que inferiorizam e minimizam as suas habilidades e competências. Isso porque não conseguem perceber outras possibilidades de atuação que vão além da “padrão”, que pode não ser a mais adequada para o seu perfil profissional.
Pensar em uma realidade diferente para os colegas de profissão que não estão onde se sentem completos ou que estão desmotivados com a profissão é uma TAREFA URGENTE para TODOS nós do secretariado: docentes, sindicatos, comitês, federação e profissionais. Necessitamos nos unir para construirmos uma consciência secretarial que valorize o sujeito e incentive ele a ser o melhor de si, não o que idealizam dele.
Necessitamos, em caráter de urgência, falar de identidades secretariais e estudarmos sobre elas. As/os estudantes e profissionais desmotivados precisam conhecer as diversas possibilidades de atuação dentro do secretariado, para que assim consigam estabelecer uma trajetória mais humana dentro da profissão, em que ele trabalhe as suas potencialidades sem se limitar à assessoria executiva de alta gestão, por exemplo.
Eu sempre falo: a profissão não vai acabar. E existem vários textos meus e de outros escritores, profissionais e pesquisadores dizendo o mesmo. Estaremos sempre dentro das organizações. Se isso é uma realidade, nosso desafio já não é mais pensarmos em como manter a profissão viva, mas como manter os profissionais de secretariado com saúde e vivos.
Você ficou com a sensação de que o texto não teve um fechamento? Pois então, esse é objetivo: não finalizar. O debate precisa se manter vivo. Precisamos! Necessitamos! E você faz parte disso, agora cabe escolher: manter-se em paz, ignorando esse debate, defendendo que a culpa da falta de sucesso dos outros profissionais é falta de formação e interesse; ou questionar as formações ofertadas pelas Instituições de Ensino que dizem, simbólica e discretamente, que um secretário que trabalha em um escritório odontológico é inferior ao que atua na assessoria executiva de alta gestão. E aí, não falo de complexidade de atuação, não hierarquizo as práticas, afinal ambos são profissionais de secretariado.
Você está preparada/o para deslocar seu olhar e analisar o secretariado pela ótica humana? Reflita sobre isso.
Colaborador Jefferson Sampaio
“Professor no Instituto Federal de Brasília – IFB. Atualmente, realiza pesquisas na área de secretariado, metodologias ativas, educação em direitos humanos, educação para a cidadania e educação de jovens e adultos. Um grande experimentador das sensações da vida”
Contatos: E-mail: assuntossecretariais@gmail.com
LinkedIn: Jefferson Sampaio ; Facebook: Jefferson Sampaio ; Instagram: @umsampaio ; Lattes: Jefferson Sampaio de Moura
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