(Tempo estimado de leitura 04’15”)
A solução seria uma bicicleta que uniria o útil ao agradável: fazer o percurso num tempo razoável e uma atividade física. Porém, faltava o dinheiro para comprá-la. As novas estavam caríssimas e as usadas não eram baratas. Finalmente, um amigo disse que tinha uma e que a emprestaria por tempo indeterminado, praticamente um presente. Solução perfeita para ela que tinha como prioridade economizar dinheiro para realizar o sonho de viajar para conhecer outros lugares e, quem sabe, outros países. Assim, cada centavo economizado a aproximaria desse objetivo.
– Está barata, mãe. A bicicleta é boa!
– É que você tem uma bicicleta.
– Mas não é minha…
A conversa seguiu e se transformou numa acalorada discussão em que se podia identificar ressentimento e/ou enfado na posição da filha. Eu observava buscando entender a situação.
Quais os fatos? Qual era a necessidade da filha que talvez não estivesse sendo atendida? Os fatos são percebidos como algo observável e que podem ser interpretados de igual forma por qualquer pessoa que acompanhe a descrição, uma vez que não há juízo de valor na observação. Dessa forma, pude observar que a filha tinha uma bicicleta para ir e vir do trabalho que atendia a necessidade de movimento.
O movimento era uma necessidade e a bicicleta era a estratégia que fazia com que ela fosse alcançada. Por isso, é importante diferenciar as estratégias das necessidades, porque a confusão entre uma e outra pode desviar a pessoa daquilo que realmente busca.
Assim, o acrônimo PRATO faz uma diferenciação didática daquilo que não é necessidade. O “P” se refere a pessoas que não são necessidades, a companhia pode ser. O “R” se reporta a regiões ou lugares que não são necessidades, uma casa pode ser. O “A” se dirige as ações e atividades que não são necessidades, a saúde decorrente do exercício pode ser. O “T” alude ao tempo que não é uma necessidade, a conexão pela presença pode ser. O “O” tem a ver com objetos, como uma bicicleta, que não são necessidades, o movimento pode ser. Desse modo, se a necessidade de movimento da filha estava sendo atendida, por que ela se mostrava ressentida e/ou enfadada?
Esses possíveis sentimentos, ocultariam alguma necessidade de aceitação e/ou de reconhecimento da filha? Era essa a minha percepção ao presenciar a cena.
“Não sei se caso ou se compro uma bicicleta” parece engraçado, porém traz em si uma verdade profunda: nós não conhecemos as nossas necessidades. Muitas vezes, aquilo que queremos não é o que necessitamos.
E a filha, compra ou não a bicicleta? E você, quais as suas necessidades? Quais são os fatos, as necessidades e os sentimentos na tua relação como profissional de secretariado? Os teus pedidos estão claros?
Colunista Moacir Rauber
Blog: www.facetas.com.br
E-mail: mjrauber@gmail.com
Home: www.olhemaisumavez.com.br
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