(Tempo estimado de leitura 6′ 10″ )
A intenção de escrever esse texto é o de narrar para você um acontecimento bem íntimo e que já deve ter escutado muito pela vida afora: o de que os sonhos são possíveis. Isso mesmo, vou contar para você como realizei um dos meus sonhos.
Mas, não quero falar sobre aqueles sonhos que temos quando estamos dormindo no qual aparecem imagens que muitas vezes não entendemos e que para a ciência significa, em poucas palavras, uma experiência de ideação do inconsciente ou apenas uma “fotografia” dele.
Quero retratar como Sigmund Freud, neurologista e psiquiatra, que em 1900, por meio de muitas pesquisas, retratou em seu livro “A Interpretação dos Sonhos” que o sonho é a “realização dos desejos” de uma pessoa. Freud, enfatiza que a interpretação de um sonho está relacionada a realização de uma vontade reprimida pela consciência de um indivíduo. E é a partir desse fato que busco o sonho, de uma forma um pouco diferenciada, pelos versos de Miguel de Cervantes que estão narrados em seu livro “Dom Quixote de la Mancha” e que nos diz que muitas vezes sonhamos com algo em que achamos impossível, mas que não devemos desistir e sim insistir até alcançar a nossa busca, que pode ser em qualquer tempo da nossa vida.
Sonhar o sonho impossível
Sofrer a angústia implacável,
Pisar onde os bravos não ousam,
Reparar o mal irreparável,
Amar um amor casto à distância,
Enfrentar o inimigo invencível,
Tentar quando as forças se esvaem,
Alcançar a estrela inatingível:
Essa é a minha busca.
Então, vamos a minha busca… a busca de um dos meus sonhos…
Sempre que ia aos espetáculos de dança ficava maravilhada e ainda fico com tanta beleza sejam nas músicas, nos movimentos, nas coreografias, nos bailarinos, naquele ambiente tão repleto de energia boa! Tinha muita vontade de fazer parte disso tudo e muitas vezes sonhava que estava num palco dançando para um público bem significativo. Só que o tempo foi passando e tantas outras oportunidades foram aparecendo em nível pessoal e profissional que a dança ficou para trás.
A dança, para mim, sempre foi uma arte que engloba várias outras como a música, a pintura, a escultura, o teatro e por isso a considero como completa. Uma vez que sou admiradora das artes não poderia querer outra em minha vida. Só que achava que este fato, dançar, estava distante da minha realidade. E o tempo foi passando…..
Até que em um bom dia, depois de algum tempo, já com meus 57 anos, fui apresentada a uma proposta diferenciada de exercícios físicos, para não dizer ginástica, que envolvia a dança como uma ponte bem grande para alcançar o meu sonho: o de dançar!
Denominado Wake Up*, o despertar do corpo, a professora e bailarina, Carolina Saletti, que é educadora, psicóloga, psicomotricista e mestre psico do desenvolvimento da dança como ferramenta de criação e expressão, idealizou um projeto especialmente para mulheres acima dos 30 anos que já tem uma demanda específica para fazer atividades físicas para o fortalecimento de seu condicionamento físico e emocional.
Com muita resistência, pois não tenho afeição alguma por ginástica, fiz a minha primeira aula e me surpreendi, pois percebi que estava a caminho de realizar um sonho, aquele meu sonho, o de dançar! A aula além de uma preparação física, cuidadosa para cada idade, ela termina em coreografias que ao final de uns dois meses se torna uma apresentação de dança em palco, na rua, em espaço cultural, enfim em algum lugar onde se possa dançar.
A dança por ser a arte de movimentar o corpo pode ser delineada como uma expressão artística ou uma maneira de divertimento. No meu caso e, acredito que, na maioria do grupo do Wake Up* não é se tornar bailarina. Simplesmente existe o desejo de expressar, por meio de movimentos dançantes, emoções que geralmente nos libertam das nossas frustrações e preconceitos. Sim, preconceitos, afinal dançar não faz parte, diante de uma atual sociedade doente, do processo de vida de pessoas com mais idade. E claro, além disso tudo nos diverte profundamente, traduzindo uma alegria do encontro de várias idades e experiências juntas num mesmo espaço de arte. Percebemos que é uma maneira de exteriorização única de cada uma de nós, cada uma a vê e a pratica de forma individual, mas interagindo sempre com a outra colega aliás amiga.
Hoje, com meus 59 anos, defendo cada vez mais que temos sim condições de realizar sonhos e que não devemos achar que são improváveis, pois uma repentina virada na rota do nosso caminho poderemos vê-los se transformando em algo possível e provavelmente será quando menos esperamos. Ah! E caso algum deles não seja concretizado costumo projetar outros sonhos por que para mim ficar sem sonhar me torna uma pessoa muito vazia e a vida tão sem vida, não é mesmo?
“Quanto melhor compreendermos a vida, melhor compreenderemos a arte. E, por outro lado, quanto melhor compreendermos a arte, melhor, compreenderemos o ser humano, no verdadeiro sentido da palavra.”
H. W. Janson
*O Wake Up acontece em Belo Horizonte, MG, se quiser conhecer a proposta confira no https://www.instagram.com/carol.saletti/?hl=pt-br
Colaboradora Solange Giorni
Escritora, consultoria, professora e secretária
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