(Tempo estimado de leitura 04’10”)
Diagnóstico? Covid. Sintomas? Nenhum. Ainda assim, ela deu uma aula sobre a transmissão e os cuidados para evitá-la, destacando a importância do isolamento. A enfermeira alertava sobre os riscos para si e para os outros na atual situação de falta de leitos para internamento. Por fim, a pessoa agradeceu e saiu.
Assim, ela passou pelo supermercado, e qual não foi a sua surpresa ao se deparar com a pessoa que ela recém havia atendido, diagnosticada com COVID? A pessoa estava no quiosque do supermercado tomando um sorvete, conversando com o atendente e com as pessoas a sua volta. Foi então que a enfermeira não se conteve. Explodiu:
– Irresponsável!!! Criminoso!!! Não acabei de lhe falar para ficar em casa? Quem você pensa que é?…
Confusão armada. Outras pessoas intervieram para acalmar a enfermeira, enquanto se afastavam do portador do vírus. Provavelmente eu faria o mesmo, porém a enfermeira se colocou em risco físico ao perder o controle de suas emoções. A raiva venceu. A ira a dominou.
O resultado? Ela se exaltou, a cólera governou, a indignação a arrebatou e, certamente, o seu corpo e a sua alma sentiram os efeitos negativos desse comportamento. A enfermeira terminou por se prejudicar e por não adotar a melhor estratégia para resolver a situação.
Ira ou raiva, sentimentos de ódio, fúria, cólera ou indignação dirigido a uma pessoa ou a uma situação, tendem a produzir resultados trágicos quando não controlamos as ações resultantes deles.
Ressalte-se que a solução não está no seu extremo, onde se posiciona a passividade. Passivo é aquele sujeito que já não se indigna, não se incomoda e não se mobiliza por nada. É alguém que não age e nem reage frente aos maiores descalabros que estão ao seu alcance resolver.
Ao se deparar com um paciente infectado em público a enfermeira explodiu de raiva e de indignação. Estou seguro de que manter o equilíbrio diante de uma situação tão revoltante é um desafio emocional extremo.
Não sei qual seria a minha reação. Entretanto, a enfermeira reagiu dominada pela emoção e colocou em risco a sua própria vida. Talvez, o mais apropriado seria ter denunciado a pessoa por comportamento criminoso, além de alertá-la outra vez.
Desse modo, ela não exporia o outro e muito menos a si mesma. Entre a ira e a passividade está a tolerância com ação firme que revela o cuidado e o autocuidado.
E na hora da raiva? Respira fundo e conta até dez…
Colunista Moacir Rauber
Blog: www.facetas.com.br
E-mail: mjrauber@gmail.com
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