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Aqueles que se ajustavam perfeitamente eram liberados, juntamente com os seus pertences. Porém, a grande maioria era menor que as medidas da cama, assim, Procusto procurava “esticá-los” até que estivessem do tamanho da sua cama. Alguns dos seus “convidados” ultrapassavam as medidas de sua cama e ele, sem hesitação, “podava” as partes excedentes.
Nas nossas relações, muitas vezes, somos levados a nos ajustarmos às “camas” dos outros Procustos ou fazemos com que os outros se ajustem às nossas “camas” como Procusto. Somos vítimas e algozes. Não somos inocentes. Basta pensar nos diferentes grupos aos quais pertencemos.
Na família, às vezes, queremos “esticar” ou “podar” os nossos filhos, os pais ou os irmãos. Com os amigos, agrupamo-nos por time de futebol, religião, opiniões políticas ou outros pontos em comum, porque queremos caber na “cama”. Ficamos incomodados com pessoas que não se ajustam a nossa “cama” e, por isso, nos afastamos daqueles que consideramos diferente.
No ambiente organizacional ocorre algo parecido. A cultura organizacional pode ser um Procusto dos nossos dias. A gestão de Recursos Humanos realiza um processo de seleção em que busca identificar as qualidades únicas do candidato que o tornam relevante para a organização.
Na sua chegada na empresa, ele é submetido a uma série de atividades de acolhimento e de integração num processo de socialização organizacional para torná-lo um membro efetivo.
Normalmente, ele é apresentado à missão, à visão e aos valores organizacionais, assim como recebe uma mensagem de boas-vindas dos diretores. Busca-se dar ao novo colaborador a possibilidade de entender e de se apropriar dos valores compartilhados na organização. Depois ele chega à sua equipe para desempenhar o seu papel.
Como ele vai inovar, produzir resultados diferentes, respeitar e ser respeitado como pessoa ou ser importante para uma equipe se ele não puder ser quem ele é? Se algumas das suas diferenças podem levar a que se queira “esticá-lo” para que se ajuste ao padrão do ambiente? Se outras diferenças podem fazer com que se queira “podá-lo”, evitando que ele ultrapasse os limites impostos pelo ambiente? É a prática de Procusto no ambiente organizacional que pode ser identificada no clima familiar e nas relações de amizade.
O que você percebe e sente nos ambientes em que você circula?
Enfim, a mitologia grega continua atual. Por isso, não importa o ambiente, acredito que muito mais do que “esticar” ou “podar” cabe a cada um de nós reconhecer, compreender, aceitar e respeitar o outro como um verdadeiro outro permitindo que ele desenvolva as suas potencialidades únicas.
Colunista Moacir Rauber
Blog: www.facetas.com.br
E-mail: mjrauber@gmail.com
Home: www.olhemaisumavez.com.br
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