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Comecei a pensar no momento que estamos vivendo e procurei enxergar além do medo e percebi coisas boas também. Pessoas se reinventando a cada dia para não tropeçarem na ociosidade e caírem no buraco negro da depressão. Amigos distantes, geograficamente, que pouco se viam, mais próximos através de ligações por vídeo e dando boas gargalhadas lembrando de fatos vividos em tempos de outrora. Pessoas que sequer conheciam seus vizinhos da porta ao lado estão se disponibilizando para ir ao mercado ou farmácia fazer uma compra para ajudar. Grupos se juntando por uma causa maior: assistir os mais carentes e necessitados com alimentos e material de higiene. Igrejas, ONGs, pessoas – das mais simples às mais afortunadas – ajudando com pouco ou muito, aos que nada tem. Correntes de orações, independente, de crença, fé ou religião, pedindo a Deus, ao universo ou ao Ser que está acima de todos nós o milagre da cura.
Então, no meio desses pensamentos, lembrei-me de que neste domingo celebraremos a Páscoa, e esta será diferente de todas já vividas: menos ovos de chocolate, menos almoços em família à mesa farta, regada com muita bebida.
Este ano as pessoas estarão unidas pelos corações, Jesus Cristo será o centro das nossas atenções, não o coelhinho da Páscoa, um dos símbolos pascais, realmente será uma Páscoa diferente, de mais simplicidade, assim como nosso Cristo, com mais amor e esperança.
Guardemos em nossos corações este sentido de Páscoa, da ressurreição de Jesus depois de morrer na cruz por nós, e tenhamos muitas Páscoas ao lado de quem amamos, quando esta fase passar, com a consciência do verdadeiro sentido desta data.
Apurei meus ouvidos e percebi o som do silêncio, com menos buzinas, e descobri que nosso planeta está saindo da UTI, em 4 meses de isolamento social no mundo, enquanto estamos reclusos, os pássaros e borboletas voltaram a voar livremente sem estarem sufocados pela poluição dos escapamentos dos carros ou das chaminés das fábricas; e, sabem, até recebi a visita de um bem-te-vi que pousou no peitoril da minha janela e me brindou com seu lindo e sonoro canto? Os rios, até então poluídos, estão mais limpos, e algumas espécies de peixes voltaram ao seu habitat.
Sem dúvida, assisto aos programas de televisão e leio os jornais, e sei que pessoas morrem diariamente em grande quantidade no mundo inteiro, e estamos atravessando a maior crise econômica desde a Segunda Guerra Mundial – a possibilidade de ela estender-se pelos próximos meses é indiscutível. A falta de hospitais, médicos, enfermeiros, mão de obra em geral, equipamentos de proteção individual (EPI), perda de empregos, empresas fechando, outras falindo, patrões sem saber como pagar suas contas e manter seus empregados, um verdadeiro caos. Nesta hora, confesso sentir um frio na barriga, mas uma coisa eu aprendi: sofrer por antecipação é sofrer duas vezes, então, decidi viver um dia de cada vez e fazer dele o melhor possível.
Há um tempo, mais especificamente em 22 de outubro de 2013, fui diagnóstica com um Linfoma não Hodgkin, células grandes, agressivo, em estágio IV (último estágio na escala de medição). Confesso naquela hora ter ficado sem chão, parei, respirei profundamente e pensei comigo mesma: Posso desesperar-me, chorar, gritar, perguntar a Deus: Por que eu? Deitar-me e esperar a morte chegar, ou, levantar a cabeça, olhar bem dentro dos olhos do médico e dizer:
Doutor, minha fé é enorme e acredito em um Deus de milagres, se Ele quiser que eu viva, assim será, além disso, minha vontade de viver é extraordinária, quero ver minha filha feliz e realizada, meu neto crescendo e me alegrando com bisnetos, somado a tudo isso, conto com o senhor, meu médico, capacitado por Deus para me curar, então, cuide de mim como se fosse alguém da sua família e, juntos: Deus, eu e o senhor venceremos esta doença.
Você imagina qual foi minha decisão? Não restam dúvidas, optei pela segunda.
Passei pelo tratamento de quimioterapia, perdi meus cabelos, cílios e sobrancelhas, mas nunca o sorriso e a vontade de viver. Perguntei-me para quê? E, não, por quê? E obtive inúmeras respostas, uma delas consiste na força para enfrentar este momento de pandemia sem grandes sofrimentos.
Durante o tratamento, vivi dias ruins, senti enjoo, cansaço, dores, mas nunca deixei de acreditar na minha cura. Todas as noites, antes de dormir, pedia a Deus mais um dia de vida, não 20, 30 ou 40 anos, e quando abria os olhos, olhava para o céu, pois minha cama ficava em frente à janela, e agradecia a Deus a benção recebida. Hoje, pouco mais de 2.555 dias depois de receber meu diagnóstico, e há um ano receber a alta médica – os médicos acompanham durante 5 anos o paciente e, somente depois deste período consideram-no curado – vejo o quanto Deus é generoso comigo.
Incentivo você a alimentar diariamente sua mente com pensamentos positivos, somos uma tríade: corpo, alma e espírito, e precisamos que estejam fortes em um só propósito: SERMOS FELIZES.
Em cada momento vivido há prós e contras, mas, se fosse possível colocá-los em uma balança imaginária, perceberíamos que o lado positivo sempre tende a ser o mais pesado, pois Deus não nos criou para sermos tristes e, por isso, presenteia-nos a cada manhã com um novo milagre chamado VIDA.
Reconsidere seus valores! Digo-lhe: a felicidade está logo atrás do medo; todo ponto final, visto por outro ângulo, é apenas uma vírgula; e o que a lagarta chama de fim do mundo, Deus chama de borboleta.
Desejo a você serenidade, calma e fé, logo tudo isso vai passar e, certamente, voltaremos a nos encontrar e a nos abraçar.
Mas até lá, fique bem e cuide-se.
Beijos e até breve.
Ana Lucia Calmon – Secretária Executiva, Pesquisadora, Eterna Aprendiz …
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