(Tempo estimado de leitura 03’30”)
O diálogo interno do meu amigo expressava uma violência que já se tornara habitual em sua vida. Frente a diferentes situações as primeiras e mais duras críticas eram dirigidas para ele mesmo. Estou seguro de que ele dificilmente diria para um estranho palavras tão agressivas quanto aquelas que ele dizia para si. Porém, a violência verbal que ele trazia dentro de si em algum momento seria extravasada.
Muito provavelmente, isso aconteceria com alguém próximo, como os familiares. E no momento em que ele contava a sua interpretação da história, ele verbalizava uma série de agressões contra si mesmo. Não havia afeto nessa comunicação, mas a comunicação o afetava gerando dor e sofrimento. Assim, antes da violência externa, ela ocorria no ambiente interno por meio da comunicação que afeta cada um de nós que nutre uma comunicação violenta.
Ao escutar o meu amigo descrever o seu diálogo interno pude me identificar, porque as minhas confabulações não eram muito diferentes. Elas, muitas vezes, igualmente eram violentas. Às vezes, contra mim, outras vezes, contra os outros.
A violência contra mim ficava explícita quando assumia culpas que não existiam, como taxar-me de burro ou de incompetente. Ela igualmente se manifestava quando não me responsabilizava pelo que era responsabilidade minha, como ao não exibir a coragem de fazer algo que estava ao meu alcance fazer.
A culpa não ajuda, porque paralisa, e não assumir responsabilidade impede de avançar, porque afasta as possibilidades. Enfim, a violência pode começar na comunicação íntima, nos diálogos internos de cada um. O que você diz para você sobre você? Você o diz com cuidado como quando conversa com um amigo que respeita? Há afeto, emoção positiva, na sua comunicação consigo mesmo?
Insultou a esposa, ofendeu os filhos e quebrou alguns objetos da casa. Era a violência que carregava dentro de si que encontrava um lugar para eclodir. Por isso, sem autocuidado e sem se respeitar se torna difícil amar os próximos mais próximos. Jogamos sobre eles as nossas frustrações, os nossos medos e os nossos entendimentos de fracassos.
Naquele dia, quase que o casamento e a família do meu amigo se dissolveram. Entretanto, ele soube se recuperar. Pediu desculpas. Redimiu-se com ações. Reeducou-se internamente. Desenvolveu competências socioemocionais que estavam adormecidas para que, finalmente, a sua essência, o AFETO, pudesse se sobressair.
Colunista Moacir Rauber
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