O QUE ESTÁ ACONTECENDO COM A APPLE?

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O que está acontecendo com a Apple?

A Big Tech Apple parece que esqueceu o seu grande diferencial do passado, inovação.

Recentemente tivemos o lançamento do iPhone 15, uma data muita aguardada para os fãs da Apple. A empresa lançou 4 novos modelos, sendo eles o iPhone 15, iPhone 15 Plus, iPhone 15 Pro e iPhone 15 Pro Max, com valores variando entre R$ 7.299,00 até R$ 13.999,00. Esperei alguns dias após o lançamento para opinar sobre as novidades apresentadas, porém, pareceu ser mais do mesmo. Faz tempo que não vemos grandes inovações da empresa da maçã, desde o falecimento de seu cofundador, Steve Jobs.

Novo iPhone 15 Pro possui quatro cores: titânio preto, titânio branco, titânio azul e titânio natural — Foto: Divulgação/Apple

Vou dar um exemplo, a novidade que mais chamou atenção desse lançamento, foi a troca da entrada proprietária da empresa chamada lightning, pelo padrão USB-C (USB Type-C), usado na maioria dos celulares e eletrônicos hoje em dia. Você pode ter pensado, que bom a Apple está adequando a sua entrada para um padrão mais usual no mercado, porém a real motivação dessa mudança é muito mais política, do que a facilidade para o usuário final.

Em 2022 a União Europeia aprovou uma legislação que obriga a indústria de tecnologia a padronizar os carregadores de smartphone, tablet e câmeras para o conector USB tipo C. Essa lei também será válida para a venda de laptops. A união europeia impôs um prazo de dois anos para as empresas se ajustarem à nova regra, que entra em vigor a partir de 2026. Sendo assim, tudo indica que a Apple antecipou a adoção do USB-C, já para esse ano.

Outra novidade, que não é tão nova assim, foi a adoção da tecnologia “Dynamic Island”, para todos os modelos da linha 15. Essa tecnologia aproveita o entalhe que fica na parte superior dos celulares, onde geralmente possui um recorte, para acomodar a câmera e sensores frontais. Apesar de destacar essa função no lançamento, o motivo de não ser uma novidade é que essa tecnologia já existia na versão mais cara da linha 14, a única novidade é que agora estará disponível em todos os modelos. Mais um exemplo de um reaproveitamento de tecnologia, e não inovação de fato.

Dynamic Island com o gravador em ação — Foto: Divulgação/Apple

Outra novidade, que foi muito divulgada no lançamento, foram os chassis de titânio, para ter mais leveza e resistência no iPhone 15, porém, se você optar pelas duas versões mais baratas do dispositivo, não terá essa novidade. A opção em titânio só está presente nos modelos iPhone 15 Pro e iPhone 15 Pro Max, os top de linha. Mas você me pergunta: vale a pena? Muitos usuários têm reclamado que aparentemente esses chassis de titânio sujam muito mais, ficam mais visíveis as marcas de dedos e outras manchas, em comparação aos modelos antigos. Outra questão muito importante, que seria o diferencial de usar titânio, é a maior resistência. Em um teste feito pelo youtuber “Sam Kohl”, do canal Apple Track, soltando um modelo 14 e outro 15 de uma mesma altura, para analisar os danos causados, o novo modelo 15, a princípio, pareceu ser menos resistente. Lembrando que a parte de titânio é apenas nas laterais. Caso queira ver todo o teste na íntegra, deixo o link do vídeo abaixo: https://www.youtube.com/watch?v=9qOLjKzc-kQ.

Talvez uma das mudanças mais emblemáticas, que era uma marca registrada do iPhone, é a saída do antigo botão interruptor, que silenciava o dispositivo, para a entrada de um botão de ação, que por padrão faz a mesma coisa, porém, caso você queira atribuir outra função, como ligar uma lanterna por exemplo, agora você pode personalizar. Mas, novamente, essa novidade só está disponível nas duas versões top de linha.

Basicamente tivemos esses recursos como novidades. Claro, não estou considerando a melhoria dos processadores ou das câmeras. Quase todo lançamento de celular, seja da Apple ou de qualquer outro fabricante, exige atualizações de processadores, mesmo porque, geralmente é lançada uma atualização do sistema operacional, que irá exigir mais processamento, porém isso não é considerado uma inovação.

Esse parece ter sido um dos lançamentos mais conturbados da Apple. Para você ter uma ideia, muitos usuários relataram travamentos do celular, logo na configuração inicial, quando tentavam migrar do antigo celular para o novo, simplesmente o aparelho travava na tela onde exibia o logo da maçã. A Apple acabou resolvendo lançando uma atualização para corrigir esse problema. Outra questão é a percepção de que o aparelho está mais lento em relação à versão anterior, porém o problema parece estar relacionado ao novo sistema operacional do iPhone 15, o iOS 17. A recomendação, nesse caso, é atualizar todos os aplicativos para a versão mais atual.

Uma reclamação, que tem preocupado muito os donos dos novos aparelhos, é o superaquecimento da bateria. Usuários relataram que os novos aparelhos ficam quentes em vários momentos do dia. Muitos atribuíram ao novo processador, que esquentam muito, ou o acabamento em titânio, que dificultaria a dissipação do calor. Porém, a própria Apple negou essas afirmações e atribuiu o problema de aquecimento ao “aumento das atividades rodando em segundo plano, especialmente nos primeiros dias de uso de um novo dispositivo ou após restaurá-lo às configurações de fábrica”, e que em breve irá lançar uma atualização do iOS, porém ainda sem data.

Em meio a isso tudo, “Tim Cook”, presidente-executivo da Apple Inc, vendeu parte de suas ações da empresa, faturando US$ 41,5 milhões em sua maior venda nos últimos dois anos. Segundo fontes, a venda das ações ocorreu depois que Cook sofreu um raro corte em seu salário, cerca de 40%. Vale ressaltar que as ações da Apple tiveram uma queda de 13% desde julho, quando chegou ao seu maior patamar de valorização. Segundo a agência Reuters, a queda é explicada pela preocupação de investidores com uma retomada lenta na demanda por novos celulares.

Apesar de ter criticado muito a Apple, a verdade é que não estamos tendo muitas novidades nos lançamentos de celulares. Parece que existe uma padronização dos modelos. Se você colocar os celulares lado a lado, vai notar que são muito semelhantes, as posições das câmeras, tamanho das telas, botões e recursos. O que temos de diferente hoje são os celulares com telas dobráveis. Quem está na vanguarda dessa tecnologia são as marcas Samsung, Motorola e Xiaomi. Aparentemente não temos notícia da Apple estar testando algum protótipo, e na verdade ainda não sabemos se será uma tendencia daqui para frente.

Para uma fã da Apple, é um pouco triste que a empresa esteja “jogando no seguro”. Muitas vezes observando os concorrentes, esperando para ver se vai dar certo ou não. Vale lembrar que, em 29 de junho de 2007 o iPhone mudou o conceito de Smartphone para sempre, transformando no que temos hoje. Uma empresa, que sempre foi vista como inovadora, agora parece não querer mais se arriscar e ter medo de acabar com o seu legado.

Talvez a empresa esteja precisando relembrar do discurso de Steve Jobs, quando voltou para o comando da Apple em 2007:

Não faz sentido olhar para trás e pensar: devia ter feito isso ou aquilo, devia ter estado lá. Isso não importa. Vamos inventar o amanhã e parar de nos preocupar com o passado”.

Por Lilian Primo Albuquerque
CEO e Co- Founder da Mobye Mobilidade Eletrica. Executiva de Tecnologia, VP do Conselho Consultivo do Instituto Êxito Latino Americano de Empreendedorismo e Inovação e VP de TI na ANEFAC e Colunista na Nova Brasil FM.
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