Felicidade

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Snoopy: “Um dia vamos morrer.”

Charlie Brown: “Sim, mas até lá teremos todos os dias para viver.”

Tenho um amigo, Albert, que entende nascimento e morte da seguinte maneira: todos os dias ele nasce ao despertar pela manhã; e morre à noite, ao dormir. Dessa maneira, sem carregar a mala do passado nem sofrer a incerteza do futuro, Albert faz um dia de cada vez e esse é o seu segredo de felicidade. Um dia – como se fosse o único – para amar, saborear a vida, rir de si próprio, perdoar, expressar gratidão e procurar adormecer como um ser melhor do que aquele que despertou.

No convívio com meu mestre de tai chi chuan, aprendi que, em chinês, o conceito de Felicidade tem muita relação com o de Paz, que é uma linha horizontal. Equilíbrio.

Nos estudos sobre Felicidade é unânime a descoberta de que a Felicidade tem íntima relação com a qualidade e proximidade dos relacionamentos afetivos: família unida e amigos verdadeiros são os fios e o tecido dessa manta gostosa e confortável que nos faz gostar de viver.

Minha felicidade desabrochou para valer quando descobri que ela nunca seria uma graça divina, um presente, obra do acaso ou algo que alguém poderia me oferecer, mas sim um resultado de minha própria criação. O dia em que percebi isso foi um marco em minha vida, um salto quântico, um alívio imenso. Abracei o “ser feliz” como uma obra de arte que ficaria tão mais linda quanto mais amor e carinho eu dedicasse ao seu desenvolvimento. E só de descobrir isso já fui me sentindo feliz.

Ao longo dessa construção, a guerra diária contra o grande inimigo, o ego, o aprisionador.

Vivemos numa sociedade engendrada e conduzida pelo ego. Nesse ambiente, a própria noção de felicidade é uma prisão. Encarcerados na armadilha do consumismo e sob o domínio das aparências, olhamos pelas grades buscando sofregamente uma felicidade que, acreditamos, virá de fora de nós. Tem a forma de um carro, um par de sapatos, um aparelho eletrônico, um barco, um cargo de poder, uma roupa de grife, uma casa, uma loira.

É fácil manipular e controlar o ego coletivo, pois assim como a alma de cada um é imensa e única, o ego de todos é muito parecido. Adere rapidamente à comunicação por estereótipos: desejos inventados por terceiros, necessidades artificiais, projeções imagéticas que geram ansiedade, angústia e o impulso de consumir mais e mais. Ou seja: a busca dessa pseudo-felicidade se transformou na grande fábrica globalizada de infelicidade.

Em silêncio, olho para o céu. Desabotôo, um a um, os botões dessa coisa que me reveste e que não me é. Respiro. Tiro os sapatos, sinto a terra, a grama, a areia, a água fresca do rio. Consciente, presente, não necessito de nada tangível; nem de meu nome, nem de palavras. Brotam em mim sentimentos puros, tão leves que não requerem menção. Entrego-me, dissolvo-me, partícula na grandiosidade da Vida.

Não me peça para dar nome a isso. Quebraria toda a magia.

 

Por Christina Carvalho Pinto

Estrategista e expert em Branding.

Partner at Hollun – Board Member – CEO – Speaker- 2x Forbes: The Most Influential Woman in MKT & Communications.

Linkedin: Christina Carvalho-Pinto

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