Outro dia conversava com uma jovem mulher que acabava de ser promovida a C-Level Executive Assistant do CEO da sua organização.
Ela havia trilhado um caminho de capacitação técnica e de desenvolvimento pessoal, as competências pertinentes a sua profissão eram alvo de constante aprimoramento com a realização de cursos e formações na sua área.
Entretanto, “a área em que mais investi tempo foi no desenvolvimento das competências comportamentais, porque são elas que validam as minhas habilidades técnicas”, disse. Seguiu comentando sobre as estratégias para vencer um dos seus complicadores profissionais, a procrastinação das tarefas difíceis. Ela criou uma estratégia:
– Pus um alarme para indicar o limite de tempo para cada situação difícil que preciso resolver…
Alegrei-me com a clareza que ela tinha sobre a existência de um ladrão interno, além da estratégia para que ela pudesse manter em mente o seu inimigo conhecido, a procrastinação.
Sabemos que a vida é complexa, porém, muitas vezes nós a complicamos. Dentro de cada um de nós habita: disposição x preguiça; generosidade x avareza; altruísmo x inveja; humildade x arrogância; serenidade x raiva; avidez x temperança; decoro x desregramento.
É a dualidade humana com nossas virtudes e fraquezas, inclusive, é bíblico. Nas virtudes se manifesta a sabedoria e nas fraquezas se manifestam os ladrões interiores. Sempre e quando as escolhas que fazemos permitem que uma fraqueza domine a virtude é sinal de que nos roubamos, sabotando-nos.
São os nossos ladrões internos que estão no comando e, nesse momento, começamos a complicar a vida. Enfim, a procrastinação é um dos ladrões que nos rouba a paz e a tranquilidade.
Historicamente temos registro de analogias que falam da dualidade humana, como o joio e o trigo, o lobo bom e o lobo mau, entre outras. Ao analisarmos a situação da perspectiva da Inteligência Positiva (Chamine), a analogia feita é sobre o sábio e os sabotadores dentro de cada um.
O sabotador principal é o crítico que, normalmente, alia-se a outros sabotadores para sequestrar o nosso sábio. Na situação da jovem mulher, um dos sabotadores manifestos estava conectado com o esquivo, aquele que evita as tarefas difíceis, desagradáveis e os conflitos. O esquivo não resolve os problemas que deveriam ser resolvidos, pois ele os evita na esperança de que se resolvam por si só. Dificilmente acontece.
Com isso, cria-se um ambiente em que nascem a ansiedade e o desassossego, porque a pessoa está consciente da existência dos problemas não resolvidos.
Aqui cabe a pergunta:
Quem está no comando das minhas escolhas quando deixo de fazer algo que aceitei fazer?
Ao responder a essa pergunta posso chegar à conclusão de que estou num processo de autossabotagem. Identificar que no ato de procrastinar uma atividade, ainda que ela pareça difícil, estou roubando de mim a liberdade de cumprir com aquilo que escolhi.
Além disso, se tenho a necessidade de paz e tranquilidade, por que razão opto por um comportamento que me gera ansiedade e desassossego?
É o sabotador sequestrando o meu sábio, é o ladrão de si mesmo.
Enfim, nas nossas trajetórias pessoais e profissionais, situações difíceis vão aparecer, assim como as divergências com as pessoas com as quais convivemos. Porém, é essencial estar consciente da nossa dualidade para que frente a situações complexas possamos ver as alternativas.
Pergunte-se:
- O que é fato aqui?
- Quais os meus sentimentos em relação a isso?
- O que eu quero?
- O que o outro necessita?
- Qual a estratégia que vou adotar?
No ato de escolher uma estratégia com clareza, está a solução. Foi o que fez a jovem mulher ao colocar um alarme para não ultrapassar um tempo limite por ela estipulado para resolver aquilo que era de sua responsabilidade. Ela não permitiu que as suas escolhas fossem sequestradas pelo seu sabotador.
Ela parou de se roubar e chegou até onde queria chegar.
E você, Quem está no comando de suas escolhas?
Moacir Rauber – Escritor | Atleta| Palestrante | Secretario Executivo
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